quarta-feira, setembro 30, 2009

INTERDISCIPLINARIDADE


Trabalhar com o conceito de interdisciplinaridade para mim é algo questionador,refiro-me ao que presencio nas escolas desde que comecei minha docência já há 20 anos,o que vejo é a equipe docente escolher um tema e trabalhar este em cada disciplina ,um exemplo foi o tema Páscoa,em português a professora trabalhou um texto para interpretação,em Ensino religioso foi aboradado o significado da Páscoa,em História o significado histórico ,em Matemática o professor aplicava problemas matemáticos envolvendo os símbolos pascais e assim por diante,porém não houve entrosamento entre estes professores,cada atividade era realizada isoladamente,cada professor planejava para si aquele tema .No meu entender a interdisciplinaridade requer um planejamento em conjunto,como por exemplo o que acontece na EJA,onde atuo à noite.
Fui presenteada pelo meu marido com o DVD do filme Grease do qual sou fã número 1 e assistindo a este logo me veio a mente uma proposta para planejamento utilizando o mesmo.
Acredito que o filme está adequado para meus alunos,jovens e pessoas com mais idade(provavelmente já assistiram ao filme).É um filme atemporal,os aspectos aborados estão presentes em todas as épocas.
Pensei em exibir o filme para minhas turmas de T3(5ª série).

Objetivos:

  • Refletir sobre os aspectos que aborda o filme:violência;tabus;liderança;valores(como era a realidade destes aspectos na época do filme e como estão agora?);

  • Comparar características da época com a atualidade(roupas;linguagens;valores,etc);

Pensei o que poderia ser abordado em cada área:

Português:

  • Linguagem da época com a atual;

  • Letras das músicas;

Inglês:

  • Tradução das músicas;

História:

  • O que acontecia no mundo na época;

  • O que acontecia no Brasil naquela época;

Geografia:

  • Localização de onde aconteceu o filme;

Educação Artística e Educação Física:

  • Dramatizações da época;

  • Vestimentas da época;

  • Danças do filme;

Ensino Religioso:

  • Violência na escola,sua evolução desde então;

  • Métodos anticonceptivos;

  • Valores da época/atuais;

Matemática:

  • Estatísticas de alunos no Ensino Médio na época e a atual;

É claro que este planejamento é apenas uma proposta pensada por mim que levarei para a reunião semanal de planejamento,imagino quando cada colega expor suas idéias...que riqueza ...Não pensei nada para ciências,deixarei para o professor da disciplina e o coletivo .

Outro ponto é o de que muitos outros aspectos serão acrescentados devido ao interesse dos alunos,pois nossos alunos de EJA vão muito além do nosso planejamento,então os projetos se estendem na maioria das vezes.Quem sabe não vão propor uma festa dos anos 60?

E um filme aparentemente sem nexo na educação mas que pode render ótimos frutos.

E por último é claro vamos avaliar o final da prática,pois isto nos leva a crescer..o que deu certo...o que não...o que mudaríamos...

Penso que isto é um trabalho interdisciplinar,planejar e executar em conjunto!

quarta-feira, setembro 16, 2009

PLANEJAMENTO


O QUE É PLANEJAR?

Refletindo sobre esta prática que realizamos todos os dias para entrarmos em sala de aula,lembrei de uma questão que há muito tempo ocupa minha mente:


"No inicio de minha docência trabalhava com meus alunos ,de 2 ª série, o conceito de Família,seguia o livro didático de Estudos Sociais recebido naquela época(1990) pelos alunos da rede municipal de Alvorada,este trazia o conceito da seguinte forma:úma família composta por pai,mãe,filhO e filhA,tudo perfeito,imagens lindas,a casa da família era linda e confortável,carro na garagem,iam ao supermercado e enchiam o carrinho e assim por diante,a família tradicional e estruturada."


Minha questão é a seguinte "PARA QUEM EU PREPARAVA AQUELA AULA?",se minha escola ficava na periferia do município,meus alunos eram na grande maioria muito pobres,moravam com a mãe ou com o pai,ou com os avós, ou com tios ou em abrigos?Definitivamente aqueles textos do livro não eram significativos para eles.

Após realizar a terceira atividade de Didática,percebo que naquela época eu não realizava ao planejar a primeira pergunta que hoje faço:PARA QUEM ESTOU PLANEJANDO?

Se fosse hoje eu começaria o conceito de família(atualmente tão relativo)pelas famílias de meus alunos e da realidade deles.

Após refletir muito sobre as discusões do fórum do SI,sobre colocar fora ou não o que não acredito mais eu ainda continuo com minha posição de não colocar,pois deve ficar em minha mente,nas minhas lembranças para eu poder analisar e não usar mais de tais planejamentos,também porque acredito que nossos conceitos antigos de docência foram construidos ao longo de nosso amadurecimento profissional...se jogar fora alguém pode achar...e utilizar...então deixo na minha mente para que eu sempre relembre e repasse aos outros essas experiências negativas que tive no decorrer de minha prática educativa e possa sempre estar disposta a receber o novo e substituir o que não acredito e não me serve mais.

Já pensou se a didática de Comênio tivesse sido colocada fora,hoje não poderíamos avaliá-la e trabalhar sua evolução para melhorá-la,naquela época foi inovadora...Penso que jogar fora não ,mas substituir,não usar o que já não acreditamos mais isto "sim".O mundo evolui,se transforma,a humanidade também,e a educação deve acompanhar este fato.

domingo, setembro 13, 2009

Diversas formas de Linguagemo


Lembro quando realizei uma atividade com meus alunos da EJA em Língua Portuguesa com a T3(5ª série),onde eu queria abordar a linguagem coloquial e a padrão.Trabalhei a letra da música de Adoniran Barbosa:


Samba do Arnesto
Adoniran Barbosa
O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás.Nós fumos não encontremos ninguém.Nós voltermos com uma baita de uma reiva.Da outra vez nós num vai mais.Nós não semos tatu!No outro dia encontremo com o Arnesto Que pediu desculpas mais nós não aceitemos Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa Mas você devia ter ponhado um recado na porta Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,Assinado em cuspo porque não sei escrever"
Arnesto


Foi uma atividade muito positiva,abordamos as classes sociais,a realidade da época e corrigimos a letra,depois chegamos a conclusão de que com a letra reformulada a música não faria tanto sucesso.

As conclusões foram que o compositor,mesmo quase analfabeto soube expressar-se e a letra da música demosntrou fatores como a classe social deste,a época em que a música foi composta.Mesmo não usando a linguagem padrão o compositor conseguiu se comunicar e a música foi um sucesso na época em todas as classes sociais.
Claro que a atividade não terminou aí,os alunos foram pesquisar a vida do compositor,outras letras deste,o professor de História trabalhou a Linha do tempo,situando os fatos mais importantes da época de Adoniran e assim por diante.
Trabalhar com a EJA é assim,nada se encerra,somente abrem leques,muitos alunos conheciam o compositor,daí vieram os relatos da época e assim por diante o trabalho rendeu mais umas três aulas.

Os professores trabalham interdisciplinarmente e o que dá certo numa disciplina se estende a outra,se há interesse dos alunos os professores não se detém em planejamentos inflexíveis.

sábado, setembro 12, 2009

Leitura e Escrita


Lendo o primeiro texto da disciplina de Linguagem e refletindo sobre o assunto,concluo que a maneira de ler e escrever depende de quem fala e com quem se fala.Me deporto para minha docência,com meus alunos de quarta série preciso ter uma linguagem mais simples para que eles me compreendam,já com a EJA tenho que me comunicar diferentemente,de uma forma mais adulta.Penso que é essencial para o professor levar em consideração para quem está falando,já presenciei situações em que o professor não se fazia entender para seus alunos.Outro fato que que acredito é que precisamos avaliar quem(aluno)fala conosco,respeitando a expressão de nossos alunos,não que não devamos apresentar a linguagem padrão correta,mas relevar fatores sociais e regionais,não ridicularizando nem expondo quem fala.A comunicação não exige que a linguagem e escrita sejam ortograficamente corretas,com quem e onde se usa o discurso deve ser levado em consideração.Um exemplo é o dos alunos da Educação infantil,com uma linguagem infantil,fora dos padrões,se comunicam,Desenhos,cores,símbolos também são formas de comunicação.após esta reflexão lembro d epassagens em que presenciei professores de pré -escola falando para seus alunos:"_Fala direito,não estou te entendendo."será que não estavam mesmo ou apenas exigiam destes alunos uma linguagem padrão correta?

Outro fato interessante é daqueles alunos que lêem e não escrevem ou vice-versa,às vezes fica difícil lembrar que estes processos são distintos e que um não requer necessariamente o domínio do outro.
Após a aula presencial de libras fiquei refletindo,esta Língua também deve ser lida(interpretada)isto prova que as situações de leitura e escrita não podem ser feitas da mesma forma.

quinta-feira, setembro 10, 2009

Comênio


Muito interessante a segunda atividade da interdisciplina de Didática que traz um pouco da vida e da Didática de Comênio.Percebi que a preocupação docente de achar a melhor forma de ensinar não é de agora,já vem de séculos.Não tinha conhecimento da revolução pedagógica que Comênio trouxe na sua época. Acredito que muitas coisas mudaram,porém existem profissionais que tendem a manter os métodos tradicionais de ensino,onde professor sabe tudo e repassa ao aluno...este por sua vez é um receptor estático de informações no processo do ensino aprendizagem.Lembro quando a proposta construtivista chegou a rede estadual de ensino,inicialmente poucos foram os adeptos e estes eram vistos com "maus olhos",nunca esqueci o discurso irônico d eum colega,que ria e dizia a alto som:"_Hoje os alunos escrevem sapo com Ç no inicio e os professores não corrigem,consideram normal."Não que tenha dado tanta importância às suas palavras,pois este mesmo colega foi meu professor e não serve como exemplo de um professor que utiliza uma boa maneira de ensinar,o mesmo é professor de matemática e lembro que ele expunha o conteúdo no quadro,falava,passava um monte de exercício e ía para o corredor,os alunos nada entendiam e quando terminava o período ele dava o conteúdo como dado.
Tenho consciência de que a mudança pedagógica iniciada por Comênio e tão almejada nos dias atuais é mesmo difícil de ser colocada em prática,pois requer estudo por parte dos professores e também mudar a cultura enraízada, por alguns,de que o professor tudo sabe e seu papel é repassar isto,de forma estática,o aluno ouve e refaz atividades de fixação,que não fixa nada,pois não há construção da aprendizagem.Deixar o topo do pedestal é difícil e até em certo ponto é de se entender,fomos educados assim e mudar uma didática d etroca,onde professor e aluno aprendem e ensinam,e que a aprendizagem requer movimento e construção não é muito fácil,mas hoje ter este pensamento pedagógico é vital,pois o acesso à informação está por todo lado e aprender não se detém mais entre quatro paredes,o mundo está em transformação,evolução e a educação não pode ficar estática.

Aula Maravilhosa


Após a primeira aula presencial que compareci do Eixo VII,vim para casa maravilhada,confesso que não tinha conhecimento prévio desta disciplina,nem do que era a Lingua de Libras.Foi uma realidade da qual realmente eu desconhecia,não imaginava que nossa professora fosse surda,nem que existiam intérpretes para tal trabalho.Cada etapa do PEAD me enche mais de orgulho em ser aluna desta instituição,que professores maravilhosos,que níveis de conhecimento elevados demonstram para nós,que experiências de vida...Não sabia se prstava atenção na fala da intérprete,maravilhosa,contagiante, ou nos expressivos gestos da professora,que mesmo não falando com a voz,falava-nos com estes...que olhar... Acho que me senti como uma criança que entra na escola para ser alfabetizada... admira do que é capaz sua professora...fiquei pensando será que eu consegui me colocar no lugar destes alunos,pois fiquei com medo de me expor(por não dominar a Lingua de Libras),acho que nunca aprenderei esta lingua...que bom que a professora não fez conosco o que tantas outras que alfabetizam os ouvintes fazem...este aluno é burro...não sabe nada!Acho que eu me sentiria muito mal,acabaria com minha auto- estima.Aprendi que Libras não é uma linguagem,mas sim uma Língua,pois tem suas regras gramaticais e que estes sinais variam de acordo com seu país,as regiões,mas principalmente aprendi que as pessoas surdas foram atrás de uma maneira de se comunicarem e se incluírem na sociedade.Isto mostra que o ser humano,seja qual deficiência tiver é capaz de tudo,com suas dificuldades e limitações.