Acredito que minhas postagens no 7º semestre começaram a ficar mais significativas e produtivas, talvez pelo meu interesse e prazer no semestre, mas como este mês teremos mais postagens não vou deter-me somente na reflexão do Eixo VII, sempre fomos instigadas a refletir sobre a mudança que o PEAD proporcionou em nossa prática docente. Nem sempre foi fácil realizar esta reflexão, pois às vezes não nos damos conta desta “mudança”.
Mas neste sábado, em uma visita à casa de minha prima, pude perceber que muitas mudanças e questionamentos me inquietaram, minha prima tem uma filha de 10 anos que está na 4ª série (5º ano), até então nunca havia percebido algum problema de aprendizagem com ela, lembro que ganhou um computador e eu baixei jogos pelo Orkut para ela e fiquei surpresa com a facilidade em que se apossou do mesmo, depois recebi muitas mensagens pelo Orkut dela, conversava online comigo, coisa que eu nem havia explicado a ela. Explorou o Orkut e descobriu suas configurações, penso que uma criança assim não pode ter sérios problemas no colégio. Mas que nada! Minha prima em conversa comigo, comentou que havia buscado o boletim da F e ficou surpresa com os comentários que recebeu, tais como:
1º A F. está mal em História e Português, não entende a ordem das atividades;
2º A F. conversa durante a aula e não realiza os exercícios;
Pediu para que eu explicasse uma atividade de tema de Casa que a F não sabia fazer, pois não entendia o conteúdo.
Fiquei surpresa, achava que a menina estivesse muito bem na escola, mas pedi que me trouxesse o caderno para eu explicar a tal atividade. Quando comecei a folhear o caderno percebi que estava tudo certo e dado ótimo e parabéns nos vistos. Mas como???Aterrorizei-me com os conteúdos que estavam sendo trabalhados na área de matemática, no meu entender eram relativos às séries posteriores (5ª/6ª série). Pedi para ver o dito boletim da F. Que susto! Ela estava praticamente reprovada. Para aprovação em duas disciplinas, Matemática e História, precisaria tirar nota 50, mas como se em três trimestres não conseguiu a façanha?
Quando comecei a conversar com a F. sobre a atividade que precisava de explicação, ampliei meu garimpo por seu caderno, constatei que ela não sabia era quase nada do conteúdo (frações), nem sequer reconhecia os termos destas, então cheguei às seguintes conclusões:
3º A criança citada saiu de uma escola da rede municipal de POA, onde estudava em ciclos e foi, este ano, para uma escola da Rede Estadual, onde o funcionamento é em trimestres e a avaliação em notas. É claro, que possivelmente, esta aluna iria precisar de u período de adaptação, só por esta mudança, mas em nenhum momento os responsáveis por ela foram chamados na escola para serem informados de alguma dificuldade da criança. Isto só aconteceu agora, no final do terceiro trimestre, já rumo à realização das provas finais, sem nenhum esclarecimento do que fazer, a escola lava as mãos e os pais é que devem resolver a situação.
4ºAcredito que a aluna converse em aula pelo fato de não entender o conteúdo, não sabe como fazer, não está acompanhando o nível de desenvolvimento exigido e é atropelada por isto.
5ºHouve a reclamação de que ela não entende os enunciados das atividades, mas lhe “enfiaram” conjugação verbal. Meu Deus! Crianças tão imaturas conjugando verbos... Tão complexo e sem sentido para eles. E na área de Matemática estão trabalhando com frações, ou melhor, operações com frações... Frações próprias e impróprias e daí por diante. Trabalhei por quinze anos com 4ª série, errei muito... Mas nos últimos anos penso que o fundamental é ler e interpretar, as quatro operações em seus diversos usos e desenvolver a criticidade dos alunos. O resto irá fluir, o aluno terá condições de se desenvolver.
Sabemos que vamos nos desenvolvendo e descobrindo quando for de nosso interesse e for significativo para nós, não adianta querer que crianças de 9/10 anos decorem mapas, datas,nomes. Isto é cruel.